quinta-feira, 24 de junho de 2010

Portugal, de Luís Diferr e Jacques Martim

Foi em 2002 que Luís Diferr apresentou a Jacques Martin, então em visita ao Festival da Amadora, alguns seus trabalhos. O autor belga, mesmo que já vendo mal, conseguiu de algum modo “perceber” a arte do Luís e, ao que parece, pouco depois encomenda-lhe que ilustre um livro sobre o seu personagem Lois, descrevendo Portugal numa suposta viagem documental desse herói! Ao que parece, mais uma vez, é que depois de um contrato que não foi fácil de negociar, Luís Diferr tinha dois anos para ilustrar o livro! Pois bem, só acabou a encomenda no ano passado;
Conheço bem o Luís, somos amigos de longa data, e já colaborámos, nos dois livros da série Dakar o Minossauro. Como guionista, foi sério, competentíssimo, imaginativo e bem humorado! Foi mesmo o único guionista com quem me senti entusiasmado em trabalhar! Desta feita, o seu rigor e preciosismo levou-o a ultrapassar os timings, a explorar até à loucura cada detalhe, cada perspectiva, com um olho atento e perspicaz. Não lhe foi negado qualquer documento, muitos foram os que mereceram da sua parte agradecimentos pelo apoio mostrado, permitindo o autor chegar a um trabalho como nunca foi feito em Portugal, e vários são os autores daqui que fazem trabalho com pesquisa histórica! Fica, assim, o Luís Diferr como o feliz autor de uma bela obra de pesquisa com uma qualidade iconográfica ímpar!
Pena que não se trate de um livro de banda desenhada, fica como que uma obra indistinta, como que um portfolio de imagens de reconstituição histórica sob uma aparência de álbum de bd, o que resulta num livro de aspecto um tanto infantil.
Curiosa foi a escolha da imagem para a capa: sendo o livro ilustrado com imagens tão densas, barrocas – como seria de esperar, visto a época retratada passar por esse estilo – a capa tem um trabalho limpo, despojado. A aproveitação da Torre de Belém não é estranha ao autor: além de a desenhar muito no livro, recorde-se que já a tinha “retratado” num pequeno – 2 páginas – episódio da Maria Jornalista…
Para concluir, refiro o trabalho de Jacques Martin, para este seu livro póstumo: Além de uma supervisão que se adivinha longínqua e vaga, apenas assina genuinamente o prefácio, pobre e banal. Muito longe estão os tempos em que assinou algumas obras-primas da bd belga.

2 comentários:

  1. Ora aqui está um livro que eu tenho que adquirir, até porque aquilo que vi sobre ele me deixou muito curioso. O trabalho do Diferr, está de facto magnífico. Um abraço.

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  2. e que história é essa da Maria Jornalista? É um conto pequeno...posso lê-lo? Vem nos cadernos, pelo que percebi... Quero comprar os cadernos...vou já ver como....

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