domingo, 31 de janeiro de 2010

A História de Haaanoué-Yamaaabor, da Lua e das suas filhas

Havia um pescador, de nome Haaanoué-Yamaaabor, que pescava num mar muito tranquilo, cristalino, com uma larga rede.
uma vez atrasou-se no mar, e anoiteceu, e deu consigo na mais completa penumbra!
Haaanoué-Yamaaabor não era medroso, e ali ficou, tranquilamente.
Haaanoué-Yamaaabor era o quinto filho de Hammaon-Jabassar, e sempre fora considerado belo, mas calmo, ponderado
nunca mostrara interesse pelas belas jovens das ilhas
E ali estava ele, no meio da penumbra total
até que algo reflete no mar
Uma enorme Lua, bela, prateada
Haaanoué-Yamaaabor ficou fascinado, pasmado...
Seduzido com tamanha beleza
sem hesitar, de tão entusiasmado ficou, lançou a rede, querendo capturar a Lua.
esta rápidamente se viu capturada, e debalde tentou defender-se
estava completamente imobilizada na rede, que agora era puxada por Haaanoué-Yamaaabor, ao seu encontro!
Em breve ele, contente, triunfante mesmo, a tinha nos braços!
e, vigorosamente mas gentilmente, ali mesmo a possuiu!
Haaanoué-Yamaaabor em breve se sentiu cansado, fatigado, mas muito feliz
aproveitando uma sua breve passagem pelos sonhos
a Lua, agora liberta da rede, fugiu, céu acima!
e muito alto ficou, para não mais ser alvo da captura de qualquer outro pescador!
com o tempo, todas as tribos a foram observando e admirando
com o tempo ela ia aumentando de volume
até ficar totalmente redonda
totalmente redonda.
até que um dia, coberta pela luz solar, ela como que se abriu
e dela jorraram milhões de estrelas, constelações inteiras de estrelas
O espectáculo que na noite seguinte os habitantes das ilhas viram foi maravilhoso!
O Céu já não era o mesmo, nem nunca mais o seria!
Por isso ainda hoje, sempre que vejo o céu nocturno, com a Lua com as estrelas brincando em seu redor
Penso que todo o firmamento foi fruto do amor de Haaanoué-Yamaaabor pela Lua.
E compreendo muito bem esse amor, porque a lua é linda!

Fim!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

JOURNEY TO THE CENTRE OF THE EARTH

Ah, nostalgias! Deve ser da idade, acabo por ser afectado, agora ou depois, por este sintoma, por vezes irritante, outras, laudativo! Dou comigo a vasculhar os sótãos do Youtube e a descobrir, seja o My Sweet Lord (e o tão belo e triste Isn't a Pitty) do George Harrison, algumas coisas dos ABBA (meu Deus, que piroso me estou a tornar! Aquilo sabe a chá e torradas!), os Procol Harum e, mais recentemente, o Rick Wakeman e o seu Journey to the Centre of the Earth!

É pomposo, emfatuado, redundante, ridículamente épico, por vezes previsivel ou pouco original ( o Ed. Grieg deve estar há anos às voltas no túmulo!) mas apaixonante e intenso! Farto-me depressa, confesso, mas sobretudo aquela abertura faz-me lá voltar, fiel e submisso!

Outro valor acrescido à obra, é que ajuda a repensar a obra do Júlio Verne! Assim, não precisamos apenas reimagina-lo com a sua escrita entusiasmada mas cinzenta, cheia de anotações geográfico-científicas tantas vezes já tomadas pelo sépia das coisas velhinhas, mas surge-me sobretudo como um visionário poeta, rico em imaginário fabuloso e delirante, com um cariz fortemente onírico. Embora, para isso, o George Meliés já tivesse feito o seu trabalho, muitas décadas antes do já velho Rick...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Eric Rohmer - 1920 / 2010

Tenho dois filhos: a Leonor, que tem 10 anos, e o Frederico, com sete. Ambos têm boa sensibilidade artística: são exímios no desenho - embora devessem praticar mais!- gostam muito de ler e ver filmes, no que têm opinião crítica e, finalmente, a Leonor é uma poetisa. Com obra publicada, mesmo que em jornais regionais! Pode ser um princípio! Pois bem, ontem a menina presenteou-me com um belo manuscrito, onde tinha este poema, depois de vários meses sem me mostrar nenhum novo! Com muito gosto vo-lo transcrevo:


A ESCOLA


P'ra quem gosta de ir à escola,

P'ra quem gosta de aprender

P'ra quem gosta do recreio

P'ra quem quer mais saber.


Oiçam bem, meus amiguinhos

Vou falar-vos com doçura

Só existe a aprendizagem

Não existe a escravatura.


Meninos de todo o mundo

Tenham amor e amizade

Dêm valor à vossa escola,

E nela só exista felicidade.


Todos nós temos amigos

Todos temos liberdade

Temos regras e direitos

Somos sábios de lealdade.

domingo, 24 de janeiro de 2010

O Brasil é, para mim, no mínimo, um país colorido! Desde muito criança que adorava ler as revistinhas da Abril (Disney) e não só, e, porque os filmes dos Estúdios Disney vinham para Portugal dobrados em brasileiro, durante anos acreditei que o Walt Disney era mesmo brasileiro! A alegria que tive quando uma minha tia me ofereceu uma nota de cruzeiro! Senti-me plenamente brasileiro! Viva Álvares Cabral! Passada a adolescência, vieram as telenovelas - que me entusiasmaram por pouco tempo! - e, pouco depois, os romances do Jorge Amado, que ainda hoje amo! Gostava de, antes de morrer, conhecer a Bahia!


Falando de novo das revistinhas Disney, lembroi-me de aí ter descoberto as histórias de Carl Barks, que tanto me empolgavam, metiam medo ou me faziam dobrar de riso! Aquilo sim, era um mestre! Brasileiro, brasileiro mesmo do Brasil, descobri nos anos setenta as bandas desenhadas do Zé Carioca da autoria de Canini, desopilantes e expressivamente ilustradas! Se nos lembramos de Obélix ao ler "Estes romanos são loucos!", ou do Capitão Haddock com o seu célebre "Mil milhões de mil macacos!", de Renato Canini e do seu Zé Carioca fica a célebre "Fui para Moji-das-Corujas"!


Tenho uma personagem, a bruxinha Morgana, de que há uns anos saiu um livro, e em breve sairão os seguintes! Pois pouco tempo depois do seu lançamento, pesquisei no google "José Abrantes" e "Morgana", para tentar perceber o acolhimento que a personagem teria merecido, quando tive, entre outras respostas, que havia aí no Brasil, uma Morgana... de apelido Abrantes!


Poucos dias antes de inicar este blogue, morreu Jacques Martin, com 88 anos. Foi um prolífico autor de banda desenhada. A sua principal personagem foi Alix, o galo-romano que viveu inúmeras aventuras durante o período da guerra civil, em Roma, que opunha César a Pompeu; Mais de 20 livros deste herói clássico foram por ele escritas e desenhadas, alguns dos quais - Yorix le Grand e Le Dieu Sauvage - são, para mim, de leitura incontronável e obrigatória para quem aprecie uma boa banda desenhada de aventuras! A dada altura na sua carreira ingressou nos Estúdios Hergé, sem enorme entusiasmo mas submetendo-se à grande insistência do "pai" de Tintin. Para lá deu forte contributo, no auxílio na escrita de alguns guiões e desenho do guarda-roupa de alguns personagens, assim como na pesquisa histórica que muitos locais e objectos utilizados para a série.

Era muito crítico - para não dizer mais! - sobre Hergé, tanto na sua postura histórica, artística como política, evidenciando, após a morte deste último, uma verve destrutiva a seu respeito que nunca lhe ficou bem no currículo! Em certas entrevistas, pouco lhe faltava para sugerir que Tintin era sua criação, e não de Hergé!

Todavia, a Jacques Martim se deve, práticamente, todo o desenho de La Vallé des Cobras, episódio de Jo, Zette et Jocko, assim como a versão actualmente divulgada de Les Cigares du Pharaon, de Tintin.


Acabou, com o tempo, por se tornar mais um guionista que um desenhador: primeiro, por ser tão prolixo na escrita de histórias - mais do que as que podia desenhar! - sendo sua especialidade divulgar, nas entrevistas que dava, vários títulos e sinopses de obras ainda no prelo!


Pessoalmente, tive a sorte de, aos meus 16 anos, o meu tio Duarte me ter oferecido a até então colecção completa dos livros de Alix e de, poucos anos mais tarde, ter comprado em segunda mão - e num estado longe de estar famosa! - a primeira edição de Alix l'Intrépide, o primeiro ovlume da colecção!


pelos meus 20 anos, num período em que estava entusiasmado em contactar com autores estrangeiros, tive a sorte de receber, do autor, um desenhinho - que neste poste reproduzo -e uns anitos mais tarde, aquando da sua primeira visita a Portugal, o autor desenhou Arbacés na famosa primeira edição - que ele me elogiou a pose! - o que, sem dúvida, a valoriza!

Maus duas vezes voltou Jacques Martin a Portugal, há menos de 10 anos, evidenciando já os seus graves problemas de visão, sempre acompanhado de jovens desenhadores que o acolitavam - mal! - no desenho de alguns seus álbuns. Ainda mantinha aceso o seu debate eivado de críticas a autores da sua geração e mantinha-se um adepto defensor de ser como que a "alma" de Tintim, o que, condescendentemente, as pessoas que o ouviam iam aceitando!

Na sua última visita a Portugal, no Festival da Amadora em 2003, o desenhador Luís Diferr, seu desde há muito admirador contactou-o, tendo recebido dele uma encomenda, de fazer um livro passado no período de D. José. Meticuloso como Diferr é, o livro ainda não se encontra terminado.
Bom dia, boa noite ou boa tarde! Começo este blogue - a ver se o mantenho, se não me esqueço da password!!! - com o fim de divulgar trabalhos meus, reflectir sobre passos e opções que dou, assim como estou atento ao que por aí se desenvolve e que merece o meu parecer... Além de desejar opinar sobre assuntos sobre os quais me debruço ou debrucei... São todos convidados a conhecer melhor os meus amores... E desamores!