domingo, 25 de abril de 2010

A CAMINHO DA MARGINALIDADE, CAPÍTULO SEIS

E aqui está a capa do primeiro número do Cadernos José Abrantes (Abril de 2010)!

Esta puiblicação tem uma tiragem de 200 exemplares e custa 10 euros. Sairá um número novo de 2 em 2 meses, mas o segundo número será adiantado para finais de Maio, para poder ser apresentado no Festival de Banda Desenhada de Beja.

Tem 46 páginas mais capas, é parcialmente colorido, e é básicamente constituido de portfólios, bandas desenhadas inéditas ou muito pouco conhecidas, gags e cartoons. O conteúdo é principalmente orientado para o público adulto!

Não estará à venda em postos comerciais, apenas o venderei caso seja encomendado por e-mail, telefone ou pessoalmente. Tudo para minorar as despesas!

Os contactos para esse efeito são:



Espero que gostem!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A CAMINHO DA MARGINALIDADE, CAPÍTULO CINCO

Compreendam-me, por favor! Não quero parecer desdenhoso, mas na verdade estou profundamente frustrado com o estado das coisas! Nada funciona bem nesta área em que trabalho, o pouco que ainda vai "andando", como alguns festivais, é com o medíocre ponto de vista - "em equipa ganha, nada se muda!", o que vai fazendo o entusiasmo dos visitantes ir esmorecendo! Mas é de espera que, quando se decidirem mexer, ainda não seja tarde demais!
Não pretendo nem desejo fechar as minhas portas a uma editora ambiciosa, mas sinceramente prefiro ir agindo, dado que acredito pouco no aparecimento de tal fenómeno!
Assim, vistas as coisas, e tomando conhecimento que com modernas tecnologias, podem-se fazer pequenas edições com qualidade de impressão irreprensíveis, apenas com um limite de exemplares que não permite uma distribuição dita "comercial", pelo contrário, estou a ultimar alguns projectos para serem produzidos nesse âmbito! Naturalmente, a sua venda será "limitada!" a uma divulgação por amigos, algumas visitas a escolas ou bibliotecas públicas, ou por divulgação online!

sábado, 17 de abril de 2010

A CAMINHO DA MARGINALIDADE, CAPÍTULO QUATRO

No meio disto tudo há, também, os festivais! Poucos - muito poucos! - têm destaque de monta, atraem pessoas, curiosos, coleccionadores, compradores, autores! Para mim, é agradável visitá-los, sinto-me entre iguais, convivo com camaradas que raramente tenho outras oportunidades de ver, com pessoas que têm, como eu, curiosidade pela Banda Desenhada, ilustração, etc.
Sinto, mesmo assim, que há como que um esgotar da receita, um repetir o que já teve sucesso dantes ou pior, fazer do mesmo porque não há ideias para melhorar ou substituir! Dou três exemplos:
1 - Há, geralmente, um espaço destinado a crianças: é pouco apelativo, com o material exposto mais ao nível dos olhos dos adultos, pouco estudo sobre se o material exposto é de facto interessante para um pequenino! Uma criança é um futuro leitor de livros - de BD ou de outra coisa qualquer! - e, por isso mesmo, devia haver bem mais que um espaço a si destinado, algo como um refugo, uma parte menos interessante de visita! Como que para deitar poeira aos olhos de um crítico que aponte essa lacuna, referem os organizadores que há um espaço para venda de pipocas - o best-seller em qualquer evento cultural onde isso esteja incluido! - ambientes de leitura de conto, pinturas faciais... Como se vê, há muito ainda a conquistar, caso a inércia caia!
2 - Os autores portugueses deviam ter mais hipóteses de conviver com os seus iguais estrangeiros! Raramente isso sucede com mais relevo do que poderem estar, lado a lado, durante sessões de autógrafos! Ou seja, mal se dirigem, visto estarem - naturalmente! - mais atentos ao autografar dos seus trabalhos pelo público que aparece!
3 - Deviam ser convidados, a par de artistas estrangeiros, editores ou profissionais, que pudessem apreciar a produção nacional e, eventualmente, tentar colocá-la em outros países!
O que é um facto, é que há uma cada vez maior lassidão entre os visitantes, os vendedores e os artistas frequentadores de festivais! Estou seguro do que digo, visto basear-me em conversas pessoais com várias destas pessoas.

A CAMINHO DA MARGINALIDADE, CAPÍTULO TRÊS

Não quero parecer desdenhoso ou com dôr de cotovelo, gostava que uma editora nacional se interessasse genuinamente pelo meu trabalho! Mas não tem sido o caso, longe disso! Por outro lado, não aceitaria, de braços abertos, uma editora que se limitasse a pôr os meus livros cá fora; exigiria muito mais dela! Campanhas, promoções, estratégias de divulgação dos livros, ou seja, coisas que dão trabalho e, como se sabe, pelo menos aqui na Piolheira, toda a gente quer ter ordenado mas, se para isso tiverem de trabalhar, Deus os livre...!
E, pela minha experiência, "deitar cá para fora" um livro, sem mais, é o mesmo que o deitar para o lixo...

A CAMINHO DA MARGINALIDADE, CAPÍTULO DOIS

Como muitos sabem, tive a "sorte" de, há anos, ter tido uma editora. Foi uma experiência intensa, que deixou boas e más recordações, e muitas conclusões! Na altura, só a Méribérica imperava, com uma repulsa compulsiva em aceitar no seu catálogo autores portugueses. A minha editora, a BaleiAzul, tentou inverter a situação. Sem grande sucesso. Mas na sua senda, outras editoras tentaram a sua sorte, umas com maior triunfo, outras com menor. Mesmo assim, por uma razão ou outra, tiveram os seus altos e acabaram por ter os seus baixos. Inexorávelmente.
Um dos principais "inimigos" (retiremos as aspas, já agora!) de uma esditora é a distribuição! na altura, há pouco mais de 10 anos, exigiam mais de metade do preço do livro, e pelo que me tem sido contado, hoje pedem ainda mais! Com essa parcela canibal, justificam as possiveis campanhas com descontos que os livros podem ter em livrarias, feiras de livro, etc! Esquecem-se, de qualquer maneira, de dizer que muitas dessas campanhas não abrangem TODOS os livros em exibição e venda, ganhando assim mais do que deviam. Tanto as livrarias como as distribuidoras.
Fazendo um parêntesis para abordar as livrarias, são geralmente geridas por incompetentes que poico mais fazem além de pôr os livros em escaparates e alguns nas montras! Não há dinâmica, ideias, estratégias! É mais tipo aranha que, depois de tecer a sua teia, nada mais faz alèm de esperar que a incauta borboleta ou mosca lá se prenda! Rara é a livraria que não soma dívidas, recusando-se a pagar atempadamente aos seus fornecedores! Uma "crise" bem portuguesa! Cada vez mais, os vendedores são impreparados e incultos, não sabem o teor de um livro, nem sugerir um título a um eventual cliente. Para saber alguma coisa, dependem exclusivamente do computador da loja. Longe vão os tempos em que, indo alguém a uma livraria, o vendedor, amável, sabia de cor quase todos os titulos à venda e sabia, por exemplo, se um cliente pretendia o "Singularidades de uma Rapariga Loura", que não era um romance mas um conto, em que livro se podia encontrar e quem era o seu autor! Fecho o parêntesis. Foi curto, mas não tenho muito mais a dizer!
Regressando às distribuidoras, há que reconhecer que, quando honestas, têm de dar a cara pelas dívidas de que as livrarias são responsáveis! mesmo assim, na experiência da BaleiAzul, poucos foram os meses em que as contas eram saldadas dentro do praso estipulado no contrato! Outra razão de queixa passava, de novo, pela insensibilidade - ou ignorância - do material a gerir! lembro-me, por exemplo, de uma organização que pediu à editora uma feira de livros infantis. Não tendo grande coisa dessa matéria no nosso magro catálogo, passámos o contacto para a nossa distribuidora, que encheu o espaço amplamente, com alguns livros infantis, mas com muito livro que nada tinha a ver com crianças, desde policiais, estudos sociolõgicos sobre homossexualidade feminina (!) entre outras avantesmas!
Contam-me que actualmente o sistema está em crise. Como se nunca tivesse sido de outra maneira! E que as distribuidoras sucedem-se, continuam a dever dinheiro e que o sistema, gerido por livrarias e distribuidoras, está preso no lodaçal!
Deus me livre cair de novo nas suas mãos!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A CAMINHO DA MARGINALIDADE, CAPÍTULO UM

Hummm! Como começar este poste? E como o desenvolver, sem exibir demasiada acidez? Pois bem, é mesmo só avançar, e ver no que dá!


Sou um autor com gostos variados, pouco fixos ou fiéis nesta ou naquela escola! Há artistas, estilos e géneros narrativos, na banda desenhada, tão diferentes entre eles e, ao mesmo tempo, tão atraentes! Tenho recordações de ser muito pequenino e já estar rodeado de álbuns, fossem do Tintin, do Strapontan ou do Humpápá, ou de muitas revistas, a maioria delas comic-books traduzidas para brasileiro, num papel mau, impressão tão má que por vezes imagem ou texto não apareciam, dando um toque algo fantasmagórico a certas histórias! Lembro-me bem de uma em que o Bolinha... Bem! Retomo o assunto!

Entre revistas, o género preferido norte-americano (além das tiras diárias!) e o álbum, bem mais franco-belga, acabo por dar preferência ao segundo: permite uma maior durabilidade do objecto, e quase sempre é mais bonito! Que bom é ter um álbum de aventuras nas mãos, poder lê-lo as vezes que entender e, caso não o trate à bruta, poder devolvê-lo à estante, em tão bom estado como de lá saiu?

Por isso mesmo, quando comecei a minha profissão, não descansei enquanto não tive um álbum editado, o que aconteceu em 1990 com Contos do Nordeste Transmontano, com texto de Jorge Magalhães! Enfim, o dito livro tem, a meu ver, mais defeitos do que qualidades, mas poderia ir corrigindo os primeiros à medida que fosse fazendo novos livros! E, sempre que era possível, todas as coisas que ia fazendo para a imprensa - revistas, jornais! - tentava planeá-las de modo a poderem depois, mais tarde, inseri-las num álbum...

Nos inícios dos anos 90, graças a um espírito algo ingénuo e generoso das Edições ASA, publiquei nada menos que sete álbuns! Bem bom! Já começara a escrever - e desenhar - os seguintes, quando a má notícia explodiu, qual granada, nas mãos de muitos ansiosos autores que, tal como eu, dependiam dessa editora: por má gestão do seu stoque, deficiente e preguiçosa distribuição, e total ignorãncia do produto que geriam - lembro-me que me aceitavam projectos entusiásticamente, sem sequer indagarem o seu conteúdo! - a direcção da editora, quase arruinada, cancelava o projecto editorial! Passo sobre os detalhes criminosos com que nos desencorajavam a continuar! Tudo isso, lembro-me bem, foi "revelado" numa reunião preparatória para um Festival de BD da Amadora, onde o tema forte foi esse, ao contrário do que se previa, naturalmente: discutir o evento seguinte! No meio de muito palavreado, o meu amigo João Paiva Boléo, algo irritado com a aflição dos autores presentes, defendia que já que não haveria possibilidades de fazer mais álbuns, que devíamos passar a fazer edições de autor! Esse ponto de vista foi desprezado pelos presentes com exclamações impacientes! De facto, não há "casamento" possível entre uma BD dita "de álbum" e uma edição de autor! São cisas distintas! Tentem imaginar, por exemplo, A Marca Amarela em edição de fanzine, ou obras de Crumb devidamente coloridas, polidas e enfiadas num álbum à francesa! Não dá!


* * *


Tudo isto acaba por vir ao caso com a minha actual situação: não tenho editora capaz de editar os meus álbuns, há já uns bons anos! Já me cansei mesmo de o propor, de bater à porta das possíveis editoras! Eu desenho e conto histórias por prazer, e não por encomenda; o que faz que, actualmente, tenha cerca de uns cinco inéditos, todos completos ou práticamente completos, para álbuns de banda desenhada! E no que toca a livros ilustrados, em pouco tempo reuniria uns 10 livros, ou talvez mais! E projectos "em carteira", seriam mais outros dez! Muito complicado! Farto da engonhice editorial actual, e da incompetência que alguns editores vão mostrando, anunciei, no Verão do ano passado, que suspendia a minha carreira! Durante mais de dois mezes não fiz um traço que fosse, e não tinha mesmo vontade de o fazer! Com o passar do tempo, lá retomei o pincel, fui fazendo umas telas, umas aguarelas, algumas das quais tive a sorte de ir conseguindo vender! e actualmente, depois de umas promessas - falsas - por parte de uma editora em editar coisas minhas, retomei o prazer em fazer coisas! Estou mesmo a iniciar o quarto álbum de Homodonte (só os dois primeiros estão editados, o segundo dos quais está redondamente esgotado!) e, como costume, trabalho por gosto, não há no horizonte qualquer proposta de me editarem esse ou outro trabalho!

Há uns meses atrás, foi-me proposto - mas não teve seguimento! - a participação numa exposição de arte erótica, que terá lugar em breve no Porto! Pensei, à cautela, que teria uns oito ou dez desenhitos que lá poderiam figurar... Pois bem, fui a uma das caixas de arquivo onde guardo os meus desenhos e. ó espanto! Tinha, no mínimo, entre cinquenta ou oitenta originais que poderiam figurar na dita exposição! É cá uma coisa, desenhar por gosto e, por não ter encomendas, ir guardando, guardando, até me esquecer que fiz isto ou aquilo! E tenho dezenas de pastas com desenhos completos, uns a cores, outros não, com muitas e diversas temáticas! É claro que, inicialmente, a ideia que me veio foi fazer um portfólio... Mas com que meios, tiragem, e para vender aonde!?


(Continua)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

CONSIDERAÇÕES LUPINAS

O lobo é um animal que nos entra pela vida adentro de uma maneira ou doutra! Seja pela mitologia, por parábolas - O Bom Pastor - contos de fadas, fábulas, romances, diversas superstições... Rara, por isso mesmo, é a criança que não tem pavor ao coitado do bicho, muitas vezes vítima de acusações infames por parte do bicho homem!
"Lobo Mau" quase que podia ser o nome real do "Canis Lupus", tal é o medo que o simples mencionar do animal causa!
Estava eu imbuido de muitas más ideias sobre ele, quando conheci o Francisco Fonseca, em meados dos anos 80. Esse biólogo que amávelmente me recebeu no seu gabinete, na Faculdade de Ciências de Lisboa, em palavras, argumentos e leitura fornecida convenceu-me que, de mau, o lobo de facto só tinha a fama! Esse encontro não só mudou a minha forma de pensar sobre o bicho, como me fez passar a questionar famas, mais ou menos ligeiras, geralmente populares, que muita da bicharada possui. Mais, o tema do lobo "bom" passou a inspirar-me para muitas histórias. Imediatamente, ocorre-me "Os Fundos Perdidos", segunda aventura de Tobias Bigom (ASA, entretanto esgotada), em que não só dou um apoio à boa causa lupina, como até caricaturo o Francisco Fonseca, na personagem que protege os três lobinhos, cuja mãe foi vítima de um javali (inversão trágica de papéis da história dos Três Porquinhos!)... Poucos anos depois, no livro Histórias de Natal (Col. Pigmeu, Ed. ASA, entretanto esgotado), conto uma pequena história de um lobo, solitário no mundo dos animais, dado a sua má frama... essa mesma história desenvolvo-a com mais sucesso no segundo livro das Aventuras do Zu, "O Natal do Lobo". Finalmente, não esqueço as duas páginas de "Licantropelias", publicadas em meados dos anos 90, no Notícias Magazine... Esta última história retomei-a recentemente, digitalizando os originais e dando-lhe novas - e melhores - cores, assim como lhe fiz uma revisão ao texto.






















***

O meu amigo Marc Parshow tem uma pequena editora, a Qual Albatroz, na qual faz sair a sua revista (fanzine? prozine?) Celacanto, da qual saiu recentemente o segundo número. Homem sensível a causas ecológicas, dedica esta publicação exclusivamente à defesa de animais em vias de extinção! O primeiro número (2009) foi dedicado ao albatroz, e este segundo ao lobo! Foi, precisamente para nele ser incluida, que retoquei a "velha" BD!
Porque o sucesso do primeiro número foi evidente, maior número de autores quiseram servir a causa dos lobos neste segundo, pelo que este número dois tem considerávelmente mais páginas; perde, porém, pela má prestação em geral dos autores, muito amadores e repetitivos, não só na abordagem visual como na mensagem com que servem o tema! Parecem não aprofundar o assunto, além de meia dúzia de ideias-feitas, e há mesmo quem, na pressa em "vitimizar" o coitado do lobo, o torne um afáfel vegetariano! Um problema dos ambientalistas passa mesmo por isso, na preocupação excessiva da "santificação" de feras, o branqueamento do seu "cadastro"... Ora isso é tão estúpido como desonesto, e serve mal - ou não serve mesmo! - a causa, por total incongruência, que até uma criança saberia desmontar! No entanto, entre os poucos trabalhos divulgados neste Celacanto, destaco o "Lobo e Cordeiro", de Eric Ricardo, que com equilíbrio estético e narrativo, conta uma história poética e amável! Contra a corrente, com uma histórinha brilhante - mas servida de um mau desenho, "O Que se Passa???" de Royzac, merece igualmente uma e outra releitura! De parabéns está, igualmente, Miguel Rocha, pela bela capa (e contracapa) da revista.







sábado, 10 de abril de 2010

PORTFÓLIO (NÃO TÃO DIÁRIO ASSIM!) - VII


Tintin e o Coronel Esponja

Irmão mais novo de Georges Rémi (Hergé), Paul Rémi foi sobretudo conhecido pela sua carreira militar, tendo-se destacado - e feito prisioneiro - durante a Segunda Guerra Mundial o que, entre outras coisas, teve por consequência que o seu irmão artista negociasse com Adolfo Simões Muller a publicação de Tintin em Portugal, país neutro no conflito, contra o pagamento em géneros sobretudo alimentícios, que seriam expedidos do nosso país para o campo de prisioneiros onde Paul estava aprisionado - e de onde se tentou evadir mais que uma vez!

Natruralmente não tão brilhante autor como Hergé, deixou-nos 3 livros - que igualmente ilustrou - recentemente reeditados - Les Chevaux du Major, Petite Histoire de l'Equitation, e En Selle!, versando sobre o tema que os títulos sugerem!

Ao que consta, Paul Rémi era um homem mulherengo, cavaleiro de primeira ordem, algo conflituoso de de linguagem viva, o que em parte se reflecte na criação do Capitão Haddock; mas, se os irmãos não mantinham uma grande cordialidade entre eles, devido sobretudo às posições de cada um durante o já referido conflito bélico, Hergé não se inspirou no irmão apenas para o troculento capitão: nunca escondeu que, aquaqndo da criação do personagem Tintin, "copiou" gestos e atitudes do irmão mais novo para o desenho e personalidadce do jovem repórter. Bem mais tarde, em meados dos anos 50, voltou a retratar o mano napersonagem do Coronel Sponz. Quem conheceu Paul Rémi dizia que eram flagrantes dele com o coronel stalinista (perdão, plexzigladista!) Nos desenhos desse vilão podemos reconhecer um Tintin algo corrompido pela idade e pela vida, mas mantendo o nariz ponteagudo e arrebitado, a poupa, agora morena e acachapada, e o rosto eternamente oval...

Para terminar, refiro que Paul Rémi figura, ao lado do próprio Hergé e da sua mulher Germaine, (além de Jacobs e Van Melkebeke, amigos e colaboradores pontuais do autor), na famosa Recepção Real (página 59) do livro O Ceptro de Ottokar, onde é uma notória "fusão" pictórica de Tintin e Sponz, quase sugerindo queo (nessa aventura) ainda jovem Sponz era um militar Syldavo, que futuramente passaria para o campo Borduriano...

Os Schtrumpfs

Teria os meus 9 ou 10 anos quando, pelo Natal, recebi este livro: Os Schtrumpfs Negros, da União Gráfica. Noutro embrulho, vinha Os Táxis Amarelos, da série Kim Kebranós, ambas as obras de Peyo! Foi práticamente a primeira aproximação que tive a este autor, e foi fundamental! "Amei" os Schtrumpfs, tentei mesmo começar a falar "schtrumpf", como tantos da minha idade, sobretudo na sua terra natal, a Bélgica! Depressa dei-me conta do ridículo da intenção; estava quase a chegar à adolescência, e os gostos - e manias - estavam a mudar. Mas o meu amor pelos Schtrumpfs perdurou, comprei mais alguns livros, alguns em português, a maioria em francês (numa escrita correcta e escorreita, simples e adequada para a leitura por jovens!). Já adolescente, passei a preferir a leitura da série Johan et Pirlouit, do mesmo autor e onde os gnomozinhos fazem as suas primeiras aparições!

Quando os Schtrumpfs (ou Schtroumpfs, no original) passaram ao cinema e mais tarde à televisão, já eram algo que não me iteressava: eram os tempos em que preferia sobremaneira as leituras de Bourgeon, Pratt e Moebius...

Actualmente retomo com prazer a leitura dos seus livrinhos, para acompanhar os meus filhos que, por sua vez, descobrem com delícia...

Luto sentido


José Antunes (1937 - 2010) era não só um bom artista como um excelente camarada, com quem tive algumas boas conversas. De olhar e traço vivo, gostos actuais e bem informados, não era dos caretas que repetem que "dantes é que era bom!"

Apreciava estilos modernos e novas correntes, ao mesmo tempo que não desdenhava os clássicos!

Tive a sorte de participar no livro - colectivo - Salúquia - A Lenda de Moura em Banda Desenhada.

A nossa banda desenhada ficou mais pobre, e eu perdi um bom amigo!